sábado, 18 de janeiro de 2014

A Voz dos Reformados

                  Indignados sim. Submissos não!

Terminado 2013, reformados, pensionistas e as pessoas idosas despedem-se deste ano nefasto para condições de vida, o seu bem - estar e a sua felicidade, junto das famílias.
Mais um ano em que a austeridade criminosa se abateu sobre a família dos portugueses, imposta por um governo PSD/CDS que tornou apátrida, mentiroso e geneticamente perigoso para a Democracia Portuguesa, consagrada na Constituição da República de Abril.
O mesmo ano em que muitas dezenas de milhares de reformados e pensionistas tomaram consciência de que, para vencer, é necessário lutar. Então, em  grandes manifestações de indignação e protesto, saíram à rua por todo o país, em conjunto com os trabalhadores no ativo ou em iniciativas próprias.
Da análise que faz do ano de 2013 , a Cofederação Nacional/ MURPI concluiu  que o combate travado por reformados e pensionistas contribuiu  para uma vigorosa derrota, nas urnas e na rua, da política do Governo PSD/CDS e da sua maioria, apoiada tacitamente pelo Sr. Presidente da República Portuguesa.
As lutas convergentes que a Confederação Nacional/MURPI integrou com a Inter-Reformados e outras estruturas, mostram que vale a pena lutar, porque quando se luta, pode-se não ganhar, mas quando não se luta, perde-se sempre.
Além de manter uma alta carga de impostos sobre os portugueses, em especial sobre os reformados, pensionistas e as suas famílias, a política reacionária deste Governo – dos cortes nas pensões, dos ataques ao Serviço Nacional de Saúde, da criação da nova lei do arrendamento, vulgo dos despejos- pretende, com uma pseudo-reforma  do Estado promovida pelos senhores Coelho e Portas, de feroz afrontamento ás liberdades e garantias dos portugueses, perpetuar para sempre toda a política de austeridade, desenvolvida em confronto direto com os Direitos constituídos.
Nós reformados e pensionistas, Geração que fez e construiu Abril, que trabalhou arduamente para construir um país com futuro melhor, não nos resignamos a assistir à sua destruição e à regressão social do nosso povo.
Queremos um futuro feliz para os nossos dias, para os nossos filhos e para os nossos netos, portanto em 2014 vamos continuar o combate, exigindo uma política diferente, de progresso social e de desenvolvimento económico para todos nos e para o país.
A nossa longa experiência diz-nos que os senhores governantes  o que pretendem é, nada mais, nada menos, submeter-nos aos seus critérios económicos e políticos.

Em 2014, vamos responder ainda com mais vigor.

INDIGNADOS, SIM! Submissos NÃO!

Editorial do Jornal “A Voz dos Reformados”

Janeiro de 2014

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O dia em que acabou a crise!

Concha Caballero
O dia em que acabou a crise!
 
Para ler até ao fim e pensar…


 
 Partilho convosco este magnifico texto de Concha Caballero. Convido-vos a tomarem consciência da assustadora realidade, convido-vos a pensarem se este futuro que está à porta é o futuro que querem para vocês, para os vossos filhos, para os vossos netos.
É nossa responsabilidade contrariarmos este caminho, é nosso dever transformar as palavras de Cocha em ficção e não permitir que destruam ainda mais o nosso futuro e o dos nossos.
 
 
Concha Caballero é licenciada em filosofia e letras, é professora de línguas e literatura. Entre 1993 e 2008 ocupou um lugar no parlamento da Andaluzia onde chegou a ser porta voz do grupo esquerda unida.
Deputada autonómica entre 1994 e 2008 foi uma das deputadas chave na aprovação da Reforma do Estatuto Autonómico da Andaluzia a que imprimiu um caracter mais social e humano do que, no principio, os grupos maioritários do parlamento pretendiam.
Actualmente colabora em diferentes meios de comunicação. Escreve sobre actualidade politica. Em 2009 publicou o livro “Sevilha cidade das palavras”.
“O dia em que acabou a crise!
Quando terminar a recessão teremos perdido 30 anos de direitos e salários…
Um dia no ano 2014 vamos acordar e vão anunciar-nos que a crise terminou. Correrão rios de tinta escrita com as nossas dores, celebrarão o fim do pesadelo, vão fazer-nos crer que o perigo passou embora nos advirtam que continua a haver sintomas de debilidade e que é necessário ser muito prudente para evitar recaídas. Conseguirão que respiremos aliviados, que celebremos o acontecimento, que dispamos a actitude critica contra os poderes e prometerão que, pouco a pouco, a tranquilidade voltará à nossas vidas.
Um dia no ano 2014, a crise terminará oficialmente  e ficaremos com cara de tolos agradecidos, darão por boas as politicas de ajuste e voltarão a dar corda ao carrocel da economia. Obviamente a crise ecológica, a crise da distribuição desigual, a crise da impossibilidade de crescimento infinito permanecerá intacta mas essa ameaça nunca foi publicada nem difundida e os que de verdade  dominam o mundo terão posto um ponto final a esta crise fraudulenta (metade realidade, metade ficção), cuja origem é difícil de decifrar mas cujos objectivos foram claros e contundentes:
Fazer-nos retroceder 30 anos em direitos e em salários
Um dia no ano 2014, quando os salários tiverem descido a níveis terceiro-mundistas; quando o trabalho for tão barato que deixe de ser o factor determinante do produto; quando tiverem ajoelhado todas as profissões para que os seus saberes caibam numa folha de pagamento miserável; quando tiverem amestrado a juventude na arte de trabalhar quase de graça; quando dispuserem de uma reserva de uns milhões de pessoas desempregadas dispostas a ser polivalentes, descartáveis e maliáveis para fugir ao inferno do desespero, ENTÃO A CRISE TERÁ TERMINADO.
Um dia do ano 2014, quando os alunos chegarem às aulas e se tenha conseguido expulsar do sistema educativo 30% dos estudantes sem deixar rastro visível da façanha; quando a saúde se compre e não se ofereça; quando o estado da nossa saúde se pareça com o da nossa conta bancária; quando nos cobrarem por cada serviço, por cada direito, por cada benefício; quando as pensões forem tardias e raquíticas; quando nos convençam que necessitamos de seguros privados para garantir as nossas vidas, ENTÃO TERÁ ACABADO A CRISE.
Um dia do ano 2014, quando tiverem conseguido nivelar por baixo todos e toda a estrutura social (excepto a cúpula posta cuidadosamente a salvo em cada sector), pisemos os charcos da escassez ou sintamos o respirar do medo nas nossas costas; quando nos tivermos cansado de nos confrontarmos uns aos outros e se tenhas destruído todas as pontes de solidariedade. ENTÃO ANUCIARÃO QUE A CRISE TERMINOU.
Nunca em tão pouco tempo se conseguiu tanto. Somente cinco anos bastaram para reduzir a cinzas direitos que demoraram séculos a ser conquistados e a estenderem-se. Uma devastação tão brutal da paisagem social só se tinha conseguido na Europa através da guerra.
Ainda que, pensando bem, também neste caso foi o inimigo que ditou as regras, a duração dos combates, a estratégia a seguir e as condições do armistício.
Por isso, não só me preocupa quando sairemos da crise, mas como sairemos dela. O seu grande triunfo será não só fazer-nos mais pobres e desiguais, mas também mais cobardes e resignados já que sem estes últimos ingredientes o terreno que tão facilmente ganharam entraria novamente em disputa.
Neste momento puseram o relógio da história a andar para trás e ganharam 30 anos para os seus interesses. Agora faltam os últimos retoques ao novo marco social: um pouco mais de privatizações por aqui, um pouco menos de gasto público por ali e “voila”: A sua obra estará concluída.
Quando o calendário marque um qualquer dia do ano 2014, mas as nossas vidas tiverem retrocedido até finais dos anos setenta, decretarão o fim da crise e escutaremos na rádio as condições da nossa rendição.”


De: Jacinto Furtado, Novembro de 2013