8 de Março
2019
Os direitos
das Mulheres reformadas
A realização
da Manifestação Nacional de Mulheres, que teve lugar no dia 9 de Março, em
Lisboa, promovida pelo Movimento Democrático de Mulheres e cujo lema é
“Igualdade na vida um combate do nosso tempo”, foi uma oportunidade para as reformadas, pensionistas e
idosas unirem a sua voz a todas as mulheres que, idas de diversos distritos,
comemoraram o Dia Internacional em convívio, em festa e em luta.
A população
idosa é constituída maioritariamente por mulheres, dado que estas têm uma
esperança média de vida superior à dos homens, sendo no entanto o respetivo
número de anos de vida saudável inferior ao dos homens.
As marcas do
fascismo na negação dos direitos às mulheres refletem-se, ainda hoje, no seu
nível de escolarização, maioritariamente mais baixo, porque este foi
desvalorizado perante a imposição da inferioridade das mulheres na lei e no seu papel confinado à esfera doméstica e familiar.
A Revolução
de Abril permitiu a conquista e consagração do direito à igualdade, no
trabalho, na família e na sociedade e ainda no domínio da saúde , da segurança
social, entre os quais o direito à
proteção social na velhice. Contudo, as políticas desenvolvidas pelos governos nas últimas décadas não puseram
fim aos baixos salários, nem às discriminações salariais no decorrer da
atividade profissional, com repercussão directa na sua situação enquanto
reformadas e pensionistas.
Estas
situações determinam que anualmente a maioria das pensões com valores mais baixos
sejam de mulheres e, em consequência, são também as mulheres que têm menor acesso à saúde, maior isolamento e maior probabilidade de sofrerem de algum grau de
incapacidade.
Estas são
algumas das razões pelas quais as reformadas e pensionistas devem continuar a
tomar nas suas mãos a luta por melhores pensões e uma vida digna e participar na
vida das Associações de Reformados, enquanto ativistas e dirigentes, e na
Confederação MURPI, porque são estruturas que lutam pela melhoria das reformas
e das pensões, acesso a um SNS de proximidade, a equipamentos de qualidade,
mais e melhores transportes públicos e pelo direito à fruição dos tempos livres.
Na verdade,
as mulheres participam nas atividades de índole social, lúdica e cultural
desenvolvidas pelas Associações de Reformados, seja ao nível dos Grupos Corais,
ginástica, trabalhos manuais, passeios e outras. No entanto, a sua
visibilidade nos Corpos Sociais não corresponde a esta participação, pelo que se
torna necessário que a mesma seja alargada e valorizada.
A
comemoração do Dia Internacional da Mulher, uma data que desde a sua
proclamação em 1910 se tornou um símbolo da luta de gerações de mulheres pelo
direito a viver e trabalhar em igualdade. Por isso, as mulheres reformadas,
pensionistas e idosas, bem como as Associações de Reformados, Pensionistas e
Idosos devem associar-se a esta data,
porque a luta pela igualdade não tem idade.
Por: Maria Amélia Cabral Vicente
Publicado no
Jornal “A Voz dos Reformados nº 158