sexta-feira, 5 de março de 2010

Saúde










Consultório Médico
Incontinência urinária
Hoje vamos falar duma situação, mais frequente nas mulheres do que nos homens, que é um importante problema de saúde pública com elevado impacto físico, psíquico, social e económico na vida das pessoas afectadas por esta situação, mas que tem solução em mais de 80% dos casos.
A incontinência é ainda frequentemente encarada como inevitável com o avançar da idade, para além de ser vivida com embaraço e em segredo pela maior parte daqueles que sofrem deste problema.
A mulher, com incontinência urinária, tem um sentimento de vergonha, frustração, culpa, medo, depressão e ansiedade que a leva a ocultar ou a considerá-la natural e inevitável.
Mas o que é a incontinência urinária?
È uma perda involuntária de urina, resultante da incapacidade de a suster, devida a um enfraquecimento ou alterações dos músculos e ligamentos na parte inferior do abdómen, e também da desregulação do funcionamento normal da bexiga.
Que tipos de incontinência urinária existem?
Há a incontinência de esforço, que ocorre quando da realização de um esforço, como por exemplo: tossir, espirrar, rir, levantar pesos, caminhar com vigor, subir ou descer escadas ou dançar.
Outro tipo de incontinência, dá-se pelo nome de incontinência por imperiosidade, surge quando há vontade súbita e incontrolável de urinar, que é independente inesperada; surge no contexto de bexiga hiperactiva caracterizada por aumento de frequência diurna ou nocturna de urinar, como por exemplo, quando uma pessoa mexeu na água ou ouviu a água a correr, ou quando entramos em casa, ou estamos no meio do trânsito ou no cinema.
Quem mais sofre desta situação?
A incontinência urinária de esforço atinge mais as pessoas na faixa etária entre os 40 e 55 anos, decrescendo e voltando a aumentar até aos 80 anos.
Num estudo realizado em Portugal, verificou-se que era mais prevalecente nas mulheres (21,4%) do que nos homens (7,6%)
O outro tipo de incontinência urinária tem prevalência semelhante nos dois sexos, contudo mais frequente nas mulheres.
Enquanto que na incontinência de esforço é frequente o aumento da quantidade de urina perdida com do tempo, no outro tipo só tardiamente surge incontinência estabelecida.
Pode-se prevenir e impedir a progressão da doença quando precocemente detectada pelo médico de família ou médico assistente.
A incontinência urinária nunca é normal, aumenta com a idade, mas não é um fatalismo da idade, podendo mesmo arriscar-se que 20 a 30% das mulheres têm ou irão ter incontinência, porque para além das causas anatómicas, existem factores de risco hormonais, a frequência de partos vaginais, partos de recém-nascidos com mais de 4 Kg, obesidade, diabetes, infecções urinária de repetição, menopausa e há situações relacionadas com mulheres que praticam desportos de grande intensidade com grande esforço dos músculos abdominais.
Em que consiste o tratamento?
É diferente conforme o tipo de incontinência urinária.
Como se disse, uma das principais causas de incontinência urinária de esforço é o enfraquecimento dos músculos pélvicos, razão porque se aconselha a fisioterapia executada por um(a) técnico(a) especializado(a).
O ensino ministrado pelo(a) fisioterapeuta começa na prevenção, ensinando à mulher grávida como contrair e treinar os músculos pélvicos.
A fisioterapia é a primeira arma do tratamento podendo resolver o problema em 75% das pessoas afectadas.
Este tratamento permite uma menor incidência de efeitos adversos, baixo custo e não inviabiliza outras acções de tratamento.
O tratamento da incontinência urinária de esforço compreende educação e informação, modificações e conselhos de higiene de vida como a recomendação de ingestão adequada de líquidos (1,5 a 2 litros por dia) com espaços miccionais regulares, redução de consumo de alimentos e bebidas irritantes (sumos de fruta laranja, limão, manga e uva) molho de tomate, comida mexicana ou indiana, chá, café e chocolate, diminuição de peso, evitar o tabaco, tratamento da prisão dos intestinos e tratamento das infecções urinárias e respiratórias, reeducação manual vaginal, estimulação eléctrica e outros meios terapêuticos.
A cultura e os dogmas das mulheres portuguesas levam a ocultar a incontinência urinária por vergonha (3%), considerarem ser um processo de envelhecimento (25%), ou uma condição passageira que, eventualmente, irá desaparecer espontaneamente (23%). Muitas mulheres tentam controlar os episódios de incontinência, através de protecções (pensos), ou ajustando os seus hábitos de vida (evitam viajar e actividades físicas).
Os profissionais da saúde e os meios de comunicação social têm um papel importante na promoção de acções de sensibilização e no acesso à informação.
Seja mulher ou homem, tenha ou não problemas de incontinência, o sítio www.tena.pt poderá dar-lhe as respostas que procura.
Este artigo foi baseado na informação e opiniões do Prof. Paulo Dinis, Profª Teresa Mascarenhas, Drª Fátima Sancho (suplemento Saúde Pública Expresso, de 7 de Março de 2009), e da Drª Margarida Ferreira e Drª Paula Santos do artigo Incontinência urinária de esforço e fisioterapia, da Revista Patient Care.


De: Casimiro Menezes, Médico
Está no Jornal: A Voz dos Reformados

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