quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

23º Aniversário da URPIT

 
A União de Reformados, Pensionistas e Idosos da Freguesia de Tortosendo (URPIT)  informa os seus associados que vai comemorar o seu 23º Aniversário com a colocação  de uma coroa de flores na lápide da Associação na entrada do cemitério da Vila, no dia 12 de Fevereiro (dia da Fundação da URPIT)  em homenagem aos sócios falecidos  e no dia 21 do mesmo mês o programa que acima está  divulgado.

Lutas e Aspirações da Classe Operária Tortosendense no Estado Novo

A nossa conterrânea e associada Adélia Mineiro vai estar presente, amanhã, nas Tardes de Quinta no Museu (de Lanifícios da UBI) para dar um contributo sobre o tema acima divulgado.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A mentira continua


MURPI denuncia manobras eleitoralistas
A mentira continua
Segundo a Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos (MURPI), as reformas e pensões de mais de três milhões e 600 mil pessoas continuam congeladas desde 2009.




Em nota de imprensa, difundida no início deste ano, a MURPI acusa o Governo de mentir quando afirma que aumentou as pensões mínimas, «sendo que, apenas de uma forma miserável, actualizou o primeiro escalão das pensões mínimas (2,59 euros), bem como as pensões do regime especial das actividades agrícolas (2,39 euros) e as pensões do regime não contributivo (dois euros)». Insignificantes são também os aumentos nos complementos de dependência.
«Todos os pensionistas com uma carreira contributiva superior a 15 anos têm as suas pensões congeladas desde 2010», acusa a Confederação, considerando que os aumentos apregoados pelo Executivo PSD/CDS são «um atentado à dignidade dos pensionistas e dos reformados».
A MURPI considera ainda que o aumento da idade para aceder à reforma, que passou para os 66 anos e dois meses, e o aumento dos valores do factor de sustentabilidade, que vai reduzir substancialmente as pensões de futuros reformados, constituem outras medidas penalizadoras contra o direito social a ter uma pensão digna.
«Nos últimos anos tem-se intensificado o empobrecimento dos cerca de três milhões de pensionistas da Segurança Social e dos mais de 600 mil da Caixa Geral de Aposentações, que são, ainda, em muitos agregados familiares, o suporte de seus filhos e netos, vítimas do flagelo do desemprego», acentua a Confederação, alertando para o facto de o Governo se estar a preparar «para efectuar cortes de mais de cem milhões de euros nas prestações sociais», medida aprovada pela maioria PSD/CDS, em sede de Orçamento do Estado para 2015.


domingo, 11 de janeiro de 2015

Governo prossegue ataque em 2015 às reformas e pensões


1. O actual Governo “premeia” os reformados, pensionistas e idosos com a manutenção em 2015 da suspensão da actualização anual das pensões e do Valor do Indexante de Apoios Sociais (IAS) a vigorarem desde 2011. Decisão que vem agravar as suas condições de vida e que é expressão da política de direita que continua a colocar Portugal nas posições cimeiras dos países da UE com elevado nível de pobreza entre os idosos e os mais baixos valores de reformas e pensões.
De facto, o que o Governo acaba de decidir é:
- A manutenção dos valores das pensões mínimas do regime geral da Segurança Social para quatro dos seus cinco escalões cujos montantes se mantêm, desde 2010, entre os 274,79 e os 379,04 euros;
- O aviltante “aumento” de 9 cêntimos diários na pensão mínima para o período contributivo inferior a 15 anos passando o seu valor de 259,36 euros para 261,95 euros;
- O prolongamento do congelamento das pensões mínimas do regime convergente da Caixa Geral de Aposentações cujos valores se mantêm há cinco anos entre os 272,78 e os 404,44 euros;
- Um “aumento” de 8 cêntimos diários para as pensões com um período contributivo de 5 a 12 anos passando de 242,39 para 244,81 euros, e as com um período de mais de 12 e até 18 anos que passaram de 252,65 para 255,18 euros;
- A pensão social do regime não contributivo da segurança social passou de 197,55 euros para 201, 53 euros.
O PCP destaca o contraste gritante e chocante de um País que é tido por proporcionar boas condições de vida para reformados de outros países que nele queiram viver quando, em contrapartida, a política de direita viola os mais elementares direitos e condições de vida da esmagadora maioria dos três milhões de portugueses que são os reformados, pensionistas e idosos.
2. Como o PCP tem advertido, o actual Governo prossegue, a pretexto do Pacto de Agressão assinado pelo PS, PSD e CDS-PP, o seu objectivo de institucionalizar para o futuro os baixos valores de reformas para o conjunto dos reformados, pensionistas e idosos, bem como a redução dos valores e do número de beneficiários de outras prestações e apoios sociais. Importa recordar, que o valor do IAS se mantém nos 419 euros desde 2009, ao mesmo tempo que se regista a continuada redução do número dos que recebem o complemento solidário para idosos, o abono de família, o subsídio de desemprego e o rendimento social de inserção, entre outros apoios sociais.
Acresce um novo aumento da idade de reforma para os 66 anos e 2 meses, o prosseguimento da redução do valor das reformas em 2015 em resultado da aplicação do factor de sustentabilidade que penaliza os trabalhadores que passam à condição de reformados.
3. Este caminho não é uma fatalidade. A ruptura com a política de direita que PS, PSD e CDS vão impondo há décadas é condição necessária e indispensável a uma política patriótica e de esquerda que assegure a valorização dos salários e das pensões, a defesa do Sistema Público de Segurança Social e o respeito pelos seus princípios, que garanta o direito de todos os portugueses à protecção social, o respeito pela relação existente entre os descontos para a Segurança Social e o direito à pensão e à sua actualização anual.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Para que A MEMÓRIA NÃO SE APAGUE!

1ª página do JF de 25 de Dezembro de 2014



A União de Reformados de Tortosendo, publica, com transcrição completa, o trabalho da jornalista Lúcia Reis sobre o nosso associado Manuel Quinteiro Gomes.
Porque somos apologistas de que a memória não se deve apagar, tomámos esta decisão.
Com esta transcrição felicitamos o nosso  associado, Manuel Quinteiro pelo seu testemunho, a Jornalista Lúcia Reis, pela execução deste óptimo trabalho jornalístico e o Jornal do Fundão que vai continuando a desmistificar algumas tiranias do regime fascista.  

 A MEMÓRIA não é capaz de esquecer. Meio século depois, a dor psicológica permanece e a revolta ainda grita (e continuará  a gritar) no interior deste homem de 80 anos, reformado dos lanifícios e residente no Tortosendo. Manuel Quinteiro Gomes foi preso pela PIDE, em 1963, em vésperas de Natal. Foram buscá-lo à Sociedade de Lanifícios do Tortosendo, onde era operário (E onde foi fotografado pelo JF) e sabe que jamais esquecerá esse período negro da sua história de vida. Era (e é) militante do Partido Comunista e esteve três anos preso. Passou  pelo Aljube, Caxias, Peniche e foi torturado. “Cheguei a estar onze meses sem ter visitas”, recorda.

Recuar a esse período negro é como descer ao inferno. A experiência foi, é, e será sempre, dolorosa. As memórias são muitas, mas nem sempre as consegue verbalizar. Ficam a meio, entaladas na garganta, pontuando a narrativa com silêncios e muita revolta. Revolta contra o livre arbítrio, contra a tortura e contra as atrocidades de que foi vítima. Ele e todos os outros que deram tudo (nalguns casos a vida) pelos ideais em que acreditavam e que, por isso – apenas por isso – foram privados de liberdade espancados e torturados. Lutaram e sofreram por todos nós. Pelo País.

Manuel Quinteiro nasceu no dia 25 de Abril, de 1934. Diz que a coincidência com uma data marcante da história do país foi uma espécie de prenúncio da luta antifascista que viria a travar. Cresceu no Casal da Serra. É o mais velho de cinco irmãos e teve ume vida de sacrifício. Começou a trabalhar logo concluiu a terceira classe, aos 10 anos. Dois anos depois, começou a trabalhar na Sociedade de Lanifícios do Tortosendo, onde a GNR o foi buscar naquela manhã de dezembro, (a mando da PIDE.

Conta que foi o seu mestre de profissão, (Ramiro dos Santos Almeida, já falecido) que o despertou para a luta antifascista. Aos 16 anos, fez-se militante do Partido Comunista. “ No Tortosendo era uma honra pertencer à luta da classe operária e eu identificava-me com esses ideais”, conta, enaltecendo “a obrigação moral de lutar contra a exploração dos trabalhadores e de combater a ditadura fascista”. A atividade política consistia, sobretudo, na entrega de propaganda.

“Havia células nas empresas e os camaradas com maiores responsabilidades iam passando o material até chegar às bases”, explica Manuel Quinteiro, sublinhando a camaradagem e importância decisiva do trabalho de equipa na luta contra a ditadura.

Corria o ano de 1963, a PIDE não dava tréguas. O Tortosendo era uma referência na luta contra a ditadura. “Queriam apanhar o funcionário do Partido Comunista, que tinha ligações ao movimento operário na zona. Não conseguiram, mas prenderam muitos outros. Éramos aí uns 20, sem contar com aqueles que conseguiram fugir”, emigrando clandestinamente, como, de resto, Manuel Quinteiro planeava fazer. Foi dos últimos a ser preso e garante que foi por num triz. “Dois dias antes, tinha tudo pronto para emigrar clandestinamente, mas tive azar. Caiu um nevão nos Pirenéus e o passador cancelou a viagem porque não se podia passar. Era para partirmos num sábado e acabei por ser preso, na segunda-feira seguinte”, precisa. Ganhava, na altura, 26$50 por dia (o que correspondia atualmente a menos de um euro por semana). Emigrar significava fugir à PIDE e ganhar  mais.

“Naquela segunda-feira, entrei como sempre, às 8 da manhã. Por volta das 9, apareceu a GNR a mando da PIDE. Levaram-me para o posto, onde estavam dois PIDEs à minha espera. Nesse mesmo dia outro operário do Tortosendo foi também preso e encontrei-me com ele no posto. Fomos algemados e levaram-nos na madrugada seguinte para o Aljube”. Foi o Natal mais amargo da vida de Manuel Quinteiro e da família. A Mulher, em casa, doente com febre tifoide e dois filhos, de 6 e 3 anos para alimentar. Ele às mãos da PIDE no Aljube.

“Estava na cela número um. Tinha 90 centímetros de Largura, por 1,80 de comprimento. Era preciso levantar a tarimba para poder dar três passos. Foi assim durante 57 dias. Estive completamente isolado. Só via o guarda e o faxina. Depois… começaram os interrogatórios. Levaram-me para a António Maria Cardoso (sede da PIDE)”. “Era terrível”, recorda, revivendo com evidente sofrimento os difíceis dias de prisioneiro.

“Sabíamos que estávamos presos porque alguém nos denunciara e tudo isso nos afetava imenso”, conta, a custo. Fala frequentemente, no presente, como se o tempo tivesse parado, quando esteve preso. “São uns torcionários. Fazem autênticas tiranias. A pior é a tortura do sono”. Sofreu-a na pele, não sabe durante quantas horas e dias: “Perdi a noção do tempo e de tudo. Até os nós das tábuas de madeira, pareciam bichos a andar. Foi terrível! Os presos ou assinavam o processo que a PIDE elaborava como queria, ou eram esmurrados, espancados e torturados”, explica.

Do Aljube foi levado para Caxias. Diz que a escrita foi fundamental para ajudar a passar o tempo no cárcere. “Ficaram lá os meus cadernos desses tempos difíceis e tenho muita pena de não os ter recuperado porque continham a narrativa da minha condição de preso político”, lamenta. Na fase inicial, chegou a acreditar que não ficaria preso mais de meio ano. Engano seu! Ficou três anos preso, cruzando-se com alguns presos políticos conhecidos a nível nacional, (Veiga de Oliveira, José Magro, Varela Gomes, entre outos  com essa solidariedade extraordinária que ajudava as nossas famílias a fazerem face às despesas e esse gesto deu-nos um grande alento”, sublinha emocionado.

O julgamento foi no Porto. “fui condenado a 18 meses, mas fiquei preso 38 meses por causa das “medidas de segurança” (lei fascista que permitia renovar a pena de prisão).

Fui libertado a 25 de janeiro de 1967 e lembra-se que teve de passar “13 portões de ferro para chegar à rua”. Embora fora da prisão, só três anos depois, voltou a ser um “homem livre”, (ninguém era verdadeiramente livre no Portugal de então. “ Nos três anos seguintes, tive de me apresentar, mensalmente no posto da GNR”, recorda.

Só sete anos depois, Abril chegou. Olhando para trás, Manuel Quinteiro interroga-se se terá valido a pena: “Vivo muito apreensivo e preocupado. A terceira idade está sujeita a uma violência tremenda. Tenho a minha esposa (tem um problema neurológico) num lar e a mensalidade custa-nos dois terços das nossas reformas. Somos obrigados a pagar taxas moderadoras e a esperar 420 dias por uma consulta de neurologia no Centro Hospitalar Cova da Beira”. Não foi para isto que se fez o 25 de Abril”, lamenta este ex-preso político.

Por: Lúcia Reis - Jornal do Fundão
Dezembro de 2014