segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Saúde Ocular




GLAUCOMA CRÓNICO
A perda gradual de visão, muitas vezes sem sintomas, é uma característica desta doença que pode conduzir à cegueira sem que o doente repare.

O glaucoma é uma das principais causas de cegueira em Portugal, com maior incidência em pessoas idosas.
Estima-se que afecte entre 0,5% a 2% da população mundial.
È um grupo de doenças oculares que partilha a característica de danificar o nervo óptico, responsável pela transmissão das imagens do olho para o cérebro. È um processo progressivo, que, se não for tratado, conduz à perda gradual da visão. Em Portugal, existem cerca de 6000 pessoas a sofrer de cegueira irreversível.
A maioria dos glaucomas aumenta a pressão dentro do olho (a pressão é maior do que aquela que o nervo óptico pode tolerar). Ainda não existe um tratamento que recupere as lesões provocadas por esta doença. Mas a detecção precoce e tratamento permitem que a maioria dos pacientes mantenha uma visão suficiente para fazerem uma vida normal.

Causas
Existem vários tipos de glaucoma, sendo o primário de ângulo aberto (GPAA) ou crónico o mais comum.
No interior do olho, circula um líquido transparente encarregue da nutrição, oxigenação e forma do olho, chamado humor aquoso. Este fluido é produzido por uma glândula que fica atrás da íris e flui entre a córnea e a íris, sendo expelido pelo canal de drenagem, renovando-se constantemente, de modo a manter a pressão intra-ocular constante. Imaginemos o fluxo do líquido aquoso como um lavatório com torneira sempre aberta. Se o local de drenagem fica entupido, a água junta-se e a pressão aumenta. Quanto maior for a pressão dentro do olho, maior é a possibilidade de danificar o nervo óptico, devido à falha do sistema de drenagem. Além disso, o fluido não é expelido correctamente do olho.
A pressão elevada, por si, não significa que está com glaucoma.
Sabe-se, que pode haver glaucoma com pressão ocular normal e que nem sempre a hipertensão ocular (pressão elevada) origina esta doença. A pressão intra-ocular elevada não é sinónimo de glaucoma, mas é o factor de risco mais conhecido para a evolução da doença.
O fundamental é saber se tem a doença, para iniciar o mais rápido possível o tratamento adequado.

Primeiros sinais
Todos podemos vir a sofrer de glaucoma. No entanto, as pessoas com mais de 65 anos, história familiar de glaucoma ou de origem africana correm mais riscos.
Outros elementos que podem favorecer esta doença são traumatismos ou ferimentos oculares, tratamentos prolongados com esteróides (por exemplo, utilizados para infecções, asmáticos, como anti-inflamatórios) e de origem asiática. A miopia elevada, as doenças cardiovasculares, a diabetes, enxaquecas e a espessura da córnea inferior a 5 milímetros também podem contribuir para o desenvolvimento do glaucoma.
A partir dos 40 anos, é recomendável fazer um check-up oftalmológico geral, em qualquer hospital que tenha a especialidade ou numa óptica médica, no qual é medida a pressão intra-ocular.
Quem vive com esta doença deve ir uma vez por semana ao médico, de modo a ter um acompanhamento constante e regular.
O glaucoma crónico não apresenta sintomas. Ocorre, normalmente, com o processo de envelhecimento.
O doente apercebe-se de que começa a perder a visão lateral e a ter uma visão em túnel.
É muito importante o diagnóstico precoce em indivíduos de risco, através de exames oftalmológicos periódicos.
Estes não causam dor e permitem:
- medir a pressão intra-ocular (tonometria);
- avaliar qualquer lesão do nervo óptico (oftalmoscopia), observando o fundo do olho para comprovar se serão necessários mais testes, para confirmar o diagnóstico.
Caso se verifique alguma lesão, o médico deve:
- inspeccionar o ângulo de drenagem do olho (gonioscopia), para comprovar o tipo de glaucoma (crónico ou de ângulo fechado);
-avaliar o campo visual de cada olho (perimetria). Esta prova é fundamental para confirmar o diagnóstico e definir o tratamento adequado.

Viver com glaucoma
É preciso fazer algumas alterações à rotina diária de modo a retardar o desenvolvimento do glaucoma.
Após esta doença se diagnosticada, é necessário ir semanalmente ao oftalmologista e seguir o tratamento recomendado sem nenhuma interrupção.
Além disso, convém:
- fazer exercício físico. Este ajuda a combater o stresse e a longo prazo pode baixar a pressão intra-ocular.
Mas é importante falar primeiro com o médico, pois pode haver exercícios prejudiciais. O exercício aeróbico, caminhadas e andar de bicicleta são recomendáveis;
- usar protecção adequada para a vista, como óculos de sol para proteger contra a luminosidade, o brilho e os raios ultravioletas;
- não tomar nenhuma medicação sem consultar o médico. Evite misturar a medicação para o glaucoma com alguns antigripais, anti-histamínicos (receitados para as alergias), anti-espasmódicos, principalmente, os usados contra as dores abdominais, etc.
Controlar o glaucoma depende de si. Se for tratado de forma correcta, praticamente não há riscos de perda de visão.

Sucesso no tratamento
. Quanto mais precocemente for diagnosticado o problema, maiores são as possibilidades de tratamento.
Daí a importância das consultas periódicas, até porque esta doença não tem sintomas.
O tratamento tem por objectivo conservar a visão tal como se encontra no momento do diagnóstico, já que as lesões provocadas pelo glaucoma são irreversíveis.
Ter glaucoma, tal como acontece com a hipertensão arterial ou coma a diabetes, exige vigilância e tratamento para toda a vida.
. Medicamentos. Nos casos menos graves, o glaucoma pode ser controlado por meio de colírios (gotas oculares), aplicáveis várias vezes ao dia. Existem cinco tipos de medicamentos, normalmente, usados.
Alguns aumentam a quantidade de fluido aquoso expedido do olho (pilocarpina) e outros diminuem a produção de líquido no globo ocular (beta-bloqueadores, como o timolol).
Caso os colírios não controlem a pressão intra-ocular, passa-se para comprimidos para reter a produção de humor aquoso.
Para um bom funcionamento destes medicamentos, é necessário respeitar integralmente as indicações do médico.
Estes produtos podem ter efeitos secundários como formigueiro nos dedos, sonolência, perda de apetite, pulsação irregular, visão nublada, olhos vermelhos, tonturas, insónias, palpitações, etc.
No entanto, se a medicação não fizer efeito ou se os efeitos secundários forem muito incómodos, fale com o médico. Caso este tratamento não dê resultado, pode se necessário recorrer à cirurgia.
. Cirurgia a laser. No glaucoma crónico, este tratamento facilita o aumento da drenagem de humor aquoso. Através do calor procura-se diminuir a pressão intra-ocular. Conforme a gravidade, este tratamento pode ir de uma a três sessões e ser feito em clínicas privadas, hospitais, centros oftalmológicos, sem que o doente tenha de ficar internado.
. Cirurgia filtrante. È o último recurso. Só se recorre a esta cirurgia em fases muito avançadas e quando os tratamentos anteriores não resultaram.
A operação consiste na criação de uma nova via de drenagem para que o fluido aquoso saia do olho e se mantenha a pressão em limites normais. Este tipo de cirurgia só s e realiza em blocos operatórios. A maioria dos utentes fica internada apenas 24 horas.
A visão tem uma elevada importância social e individual. Representa um meio de comunicação fundamental na relação entre as pessoas.
Assim, esta deve ser preservada desde o nascimento, através de rastreios oftalmológicos regulares, com maior incidência a partir dos 40 anos.
Mais vale prevenir do que remediar.

Assim, as pessoas a quem for detectado glaucoma devem iniciar, imediatamente, uma terapia prescrita pelo especialista.
O tratamento só é eficaz se for feito do modo correcto, regular e continuamente.


Da revista: Teste Saúde, nº59

Sem comentários:

Enviar um comentário