quinta-feira, 28 de junho de 2012


Uma história de malfeitores

Uma associação de malfeitores formada por senhores bem colocados decidiu fazer um banco. Com a ajuda de senhores extraordinariamente influentes passaram uma imagem credível de forma a convencer o pessoal indígena a lá depositar as suas economias. A quadrilha dos senhores bem colocados, num golpe de magia genial, fez desaparecer o “pilim”, levando o banco à falência. Não sem antes, ter beneficiado as tais pessoas  extraordinariamente  influentes, movimentando verbas colossais de milhares de milhões através de contas depósito respeitantes a remunerações extraordinárias ou a acções não cotadas, mas de grande e rápida rentabilidade. Negócio de sabichões, que até deu para uma das Marias envolvidas, com vencimento mísero de 800 € mês, comprar a baixo preço um pacote de acções não cotadas em bolsa, mas milagrosamente vendidas a alto preço, arrecadando um montão de carcanhol. O banco deu o badagaio e o caso foi entregue à justiça. Das quadrilhas de malfeitores só duas pessoas bem colocadas e influentes, quiçá condecoradas, foram detidas, estando agora em suas casas com pulseiras electrónicas, ornamento para personalidades de “alto gabarito”. Nenhum está na cadeia. Como costume, os que nada tiveram a ver com estes “negócios mágicos”, a população indígena, é que  está a pagar os milhares de milhões que “voaram” para os bolsos dos felizes contemplados, sem que seja  feita justiça.

Os bancos que arrotavam postas de pescada a torto e a direito, estão sem dinheiro e têm perdido a pontinha de credibilidade que ainda lhes restava. Estão descapitalizados. Parte do crédito mal parado  ainda dado como activo esconde uma bolha imobiliária  gigante, resultante de empréstimos altamente duvidosos, só visível quando passar a incobrável. Depois de anos e anos de má gestão e de escândalos, os bancos estão de mão estendida. O que, não quer dizer que os banqueiros o estejam, pois todos eles terão blindado as suas fortunas pessoais e familiares. Apesar de terem dito não precisar de qualquer ajuda financeira, poucos  dias depois de reuniões conjuntas mudaram de opinião e reclamaram ajuda.Agora, após receberem 12 mil milhões de euros, reclamam mais, preparando-se para arrecadar verbas superiores. E, tirem o cavalinho da chuva, porque nem sequer pensam devolver o “pilim”, preferem o envolvimento do Estado no capital accionista.

O Estado (todos nós) paga, mas quem manda são eles!

Como é óbvio, estas situações de claro favorecimento, só têm sido possíveis porque os banqueiros dominam a vida política. Como já aqui destacámos, a banca é o principal fornecedor de políticos, ministros e deputados para os partidos governamentais.

Assim como, têm sido os bancos a absorver ex-governantes. Favor com favor se paga…

A promiscuidade é tamanha que há quem mantenha em simultâneo funções num lado e no outro. Nem o Banco Central escapa, como provam as audições.

Na verdade, banqueiro de todo o mundo uniram-se para desencadear simultaneamente um número ilimitado de acções fraudulentas, próprias de grupos mafiosos. Foram estes comportamentos de alto risco que geraram a tempestade que abala o mundo. A tal ponto que 800 bancos europeus pediram ajuda ao BCE conseguindo 1 bilião de €. Mas estão novamente sem dinheiro. Um poço sem fundo. A tempestade ameaça passar a furacão…

Só não vê, quem mesmo não quer ver!



Carlos Vale

In: Povo da Beira