segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Os Reformados precisam do MURPI





Fotos da Manifestação  na Covilhã, da Jornada de Luta Nacional da CGTP, 01 de Fevereiro de 2014


 

Era uma vez ...

Milhares de reformados, após a Revolução de Abril, procuraram organizar-se, criando Comissões de Reformados sob o impulso do Movimento Unitário de Reformados, Pensionistas e Idosos (MURPI).

Sem direito a uma pensão, destituídos de qualquer proteção social, remetidos à pobreza e à indigência a que o regime fascista os condenou, cedo se aperceberam da necessidade de se organizarem, dando mais força ao projeto do MURPI que encetou centenas de lutas que conduziram à grande maioria das conquistas sociais, posteriormente consagradas na Constituição da República Portuguesa.

Tiveram como aliados as lutas dos trabalhadores e a força emergente do Poder Local Democrático, que cedo compreendeu e contribuiu para o reforço das reivindicações dos reformados e pensionistas.

O MURPI tornou-se a força motora na criação e formação de milhares de dirigentes que, norteados pelos princípios democráticos e ação unitária, souberam construir centenas de Associações Unitárias de Reformados em todo o país.

 

O  MURPI sempre exigiu ter estatuto de parceiro social

O MURPI, sempre incompreendido e rejeitado pelo poder contra revolucionário que se instalou nos governos constitucionais, negando o direito de ser considerado como parceiro social, soube, através da luta persistente mobilizar e  consciencializar milhares de reformados na defesa dos seus direitos consagrados constitucionalmente.

Ao longo das décadas, quase 40 anos da Revolução de Abril, foram operadas profundas alterações sociais, políticas e económicas.

 

Mais reformados e cada vez mais idosos

A sociedade portuguesa tornou-se mais envelhecida, o número de reformados e pensionistas aumentaram de forma significativa, alguns dos quais obrigados pela força dos despedimentos das grandes empresas privatizadas.

Os padrões do consumo alteraram- se, registou-se melhoria do bem- estar, maior acesso à educação, à saúde e à protecção social

Muitas das Associações enveredaram por estabelecer acordos com a Segurança Social, assumindo o estatuto de IPSS, para darem respostas sociais-aos idosos mais carenciados. Por esta via, perderam a independência em relação ao poder político que cada vez mais procurava intrometer-se na gestão das atividades das Associações, à margem da participação democrática dos seus associados.

Desenvolveram-se múltiplas atividades recreativas, lúdicas, culturais e de convívio, ao mesmo tempo que se foram registando fenómenos de alienação da defesa dos direitos dos reformados que continuam fortemente ameaçados pela política de direita de sucessivos governos.

O MURPI é ativo e necessário

Pela ação combativa e persistente de inúmeros dirigentes de reformados do MURPI aos mais diversos veis das organizações, Confederação, Federações e Associações, a luta pela defesa dos direitos dos reformados mantém-se perene e atual.

Se é verdade que profundas alterações sociais e culturais foram registadas ao longo destas décadas, não deixa de ser preocupante a regressão social e cultural que se vem intensificando, na última década, com a acentuação da crise financeira e das medidas de austeridade e empobrecimento generalizado com maior expressão na camada social dos reformados e pensionistas; esta situação não é nova, pois o risco da pobreza, em Portugal, sempre sobressaiu entre os idosos e as crianças, sendo cada vez mais destacado o fosso entre pobres e ricos, maiores as desigualdades e injustiças sociais e manifesto os fenómenos da pobreza e da exclusão social.

O poder reivindicativo desta camada social, mais atingida pelas medidas de austeridade, foi enfraquecendo, resignado às medidas de caráter assistencialista e caritativo desenvolvido pelas IPSS, com o apoio do Banco Alimentar e de outras medidas misericordiosas.

Novos passos são necessários

Este retrocesso social, de alienação dos direitos que dignificam a condição
humana, necessita um novo tipo de intervenção, que desenvolva, de forma criativa e interventiva, todas as formas de luta que travem este processo de degradação social que a pobreza induz, e reverta para uma maior e melhor mobilização todos os reformados que aspiram o direito a ser respeitados na sua dignidade de cidadão e de cidadã.

Esta é uma tarefa permanente e intensa que deve ser reforçada nas estruturas organizativas do MURPI.

Os reformados que eso organizados nas suas Associações devem sentir que os dirigentes estão atentos e interventivos na defesa e mobilização das suas consciências, conciliando os seus interesses imediatos com a necessária unidade nas lutas pela defesa dos problemas locais relacionados com o acesso aos cuidados de saúde, à necessária defesa do seu poder de compra, à luta pela defesa da sua mobilidade, à proteção social em caso de dependência e a todas as
e
xpectativas legítimas relacionadas com o envelhecimento humano.

E porque noutras organizações?

Os nossos objectivos são abrangentes, englobando não só o direito às pensões condignas, mas também, pelo direito ao desenvolvimento cultural, pelo são convívio, pelo direito ao lazer e também pela solidariedade entre várias gerações, querendo assegurar os mesmos direitos aos atuais e futuros trabalhadores que entrarem na reforma.

Hoje, como há décadas, os reformados continuam a precisar da força do MURPI.

Hoje, como dantes, os reformados esperam dos seus dirigentes, militantes de causas nobres
que promovam o bem-estar dos reformados e pensionistas.

Temos razão, quando afirmamos que os reformados precisam cada vez mais de um MURPI forte e interventivo.

 

 

 

 

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