APELO
A Revolução de Abril, ao pôr fim à ditadura
fascista, abriu o caminho à participação dos cidadãos na vida pública, ao
desenvolvimento económico, social e
cultural dizendo não ao oportunismo, à corrupção, aos interesses ilegítimos dos
grupos financeiros e sim à justiça social, ao direito ao trabalho, ao emprego,
à saúde, à educação, à habitação, à paz, a mais futuro.
Passadas quase quatro décadas,
como resultado da prática de uma política contrária ao espirito de Abril,
verificamos que muitos projectos de então ficaram pelo caminho, muitas esperanças foram defraudadas.
Portugal vive hoje o pior momento político, económico e social após o 25 de Abril, com o ataque às conquistas que ainda restam da Revolução dos Cravos.
Os portugueses são confrontados com uma austeridade suicidária geradora da continuada
desaceleração da economia, do exacerbar da pobreza, da mais alta taxa de desemprego,
do aumento e generalização da precariedade, da quebra dos salários, já dos mais baixos
da União Europeia, da brutal redução das pensões dos reformados, duma despudorada e injusta carga fiscal, do ataque ao direito ao trabalho digno e ao Estado Social com a grave redução dos legítimos direitos na saúde, na segurança social, na educação e na justiça.
Com esta política, Portugal tem
vindo a empobrecer e as desigualdades têm vindo a
aumentar exponencialmente.
Por isso, tão importante como
evocar o passado, é reflectir sobre a situação presente e
perspetivar um amanhã.
Os portugueses querem a paz, a liberdade,
e a democracia de Abril. Como nação soberana, os portugueses
querem uma existência digna, com escola e saúde públicas,
com justiça
acessível e independente, com habitação assegurada, com trabalho comdireitos. Querem uma política social e económica e democrática, com os direitos e deveres deveres consagrados na Constituição da República Portuguesa.
É urgente e indispensável uma
política diferente que dê resposta aos graves prblemas
nacionais.
Temos de recuperar a esperança
que a madrugada libertadora do 25 de Abril nos trouxe,
retomando os seus
principais valores.
Só possível com uma política que
defenda o regime democrático, a Constituição de Abril e a própria Liberdade;
que submeta o poder económico ao poder político; que edifique um Estado onde o
trabalho, a solidariedade, a justiça e a cultura sejam pilares fundamentais;
que coloque o desenvolvimento da economia ao serviço de quem trabalha e de quem
trabalhou, das novas gerações e do futuro do País. Futuro que terá de dar resposta
aos enormes problemas com que as novas gerações se debatem. O 25 de Abril que
evocamos não pode defraudar as expectativas criadas. Não cabem nele o abandono
e a fome nas crianças, o aumento do trabalho infantil, o afastamento escolar
nos vários patamares por razões económicas, o desemprego e a precariedade
galopantes que forçam particularmente os jovens à emigração.
Apelam portanto à participação de
todos numa grande, forte e unida confraternização
comemorativa que
será também o protesto e a exigência da mudança necessária, de um Povo que não se resigna e nunca se deixará vencer.
Estamos certos "venceremos o
medo, prolongaremos Abril e construiremos o
futuro".
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